Lula entrou em confronto simultâneo com os presidentes da Câmara e do Senado esta semana. Para piorar, perdeu o apoio do senador Rodrigo Pacheco como possível candidato ao governo de Minas Gerais para 2026. A situação compromete a estratégia eleitoral de Lula no estado que possui 16 milhões de eleitores, considerado o segundo maior colégio eleitoral do país.
Ministros próximos ao petista relatam que o Palácio do Planalto tem adotado uma postura de “deixar rolar” diante dos atritos políticos. Isso ocorre quando falta apenas um ano para o término do atual mandato presidencial, período em que Lula já manifestou interesse em disputar a reeleição.
O desentendimento com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), está relacionado ao projeto de lei de combate ao crime organizado. Motta firmou acordo com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, também do Republicanos e potencial adversário de Lula em 2026, indicando Guilherme Derrite como relator da proposta.
Derrite, atual secretário de Segurança de São Paulo e ex-policial militar, foi eleito deputado federal pelo Progressistas. Sua designação como relator representa uma derrota para o governo federal, que perdeu influência sobre uma iniciativa que pretendia usar para fortalecer sua imagem na área de segurança pública.
A tensão aumentou quando Lula criticou o projeto negociado por Motta, que respondeu afirmando que o governo “optou pelo caminho errado”. O líder governista Lindbergh Farias descreveu a situação como uma “crise de confiança” entre o Executivo e a Câmara.
Simultaneamente, o presidente gerou atrito com o Senado ao informar a Rodrigo Pacheco, senador pelo PSD de Minas, que não o indicaria para uma vaga no Supremo Tribunal Federal. Lula comunicou sua intenção de nomear Jorge Messias, atual advogado-geral da União, para o cargo.
No mesmo encontro, o presidente expressou seu desejo de ter Pacheco como candidato ao governo mineiro para fortalecer sua base de apoio à reeleição. O senador, contudo, manifestou intenção de encerrar sua carreira política e retornar à advocacia.
A decisão sobre a vaga no Supremo contrariou as expectativas de Davi Alcolumbre, presidente do Senado, que preferia Pacheco para o cargo. Embora a indicação seja prerrogativa presidencial, a aprovação final depende do Senado, exigindo no mínimo 41 votos favoráveis entre os 81 senadores.
