🔹NOTÍCIA

O relativismo de Eric Hobsbawm: Mais um engodo no processo de “santificação” dos ídolos comunistas

Publicado em 20/11/2025

Em algum momento da sua vida, você já teve ter ouvido falar em Eric Hobsbawm. Leitura obrigatória para alunos de graduação em História, ícone intelectual da esquerda e elevado ao status de ídolo pelo movimento comunista, ele é tratado como referência a ser seguida pelos novos e velhos membros das classes falantes. Dentre os seus livros, ‘’A Era dos Extremos’’ é o mais lido e conhecido – residindo nele os seus talentos e defeitos como homem de ideias.

Li uma matéria recentemente publicada no UOL sobre Hobsbawm. Como já sei o viés desse portal, não esperava nada menos que bajulação e inverdades acerca do dito cujo. Foi precisamente isso que vi. O texto apresenta-o como ‘’historiador das lutas sociais’’ e ‘’um militante bastante crítico’’. Quem conhece o processo de santificação dos ídolos comunistas sabe muito bem como o engodo é condição sine qua non para o alcance de tal objetivo, e o caso supracitado não é diferente de maneira alguma.

Eric Hobsbawm vivenciou as tragédias do século XX. Nascido no Egito, filho de pais judeus, ficou órfão ainda criança e foi criado pelos tios, que se mudaram para a Alemanha. Em Berlim, testemunhou a dissolução do sistema político alemão com a ascensão de Adolf Hitler e a consequente instauração do Terceiro Reich nazista. Era o período pós-guerra, quando a democracia liberal foi dilacerada por totalitarismos nascentes e as monarquias europeias caíram como castelos de areia caem com o vento – pouquíssimas restaram. Hobsbawm optou pelo comunismo, escolha defendida obstinadamente até o final da sua vida.

Tal decisão deve ser vital para a compreensão das suas obras. Como um historiador marxista, Hobsbawm tenta reescrever a História sob a ótica da luta de classes com a primazia do fator econômico sobre o resto. Para Karl Marx, a alocação dos meios de produção era o fator determinante das relações humanas, sendo o resto – tradições, identidade nacional, religião, costumes milenares – nada além da dita ‘’superestrutura’’. Ou seja, a condição material dos donos dos meios de produção e dos desafortunados é o motor da humanidade, com o resto adquirindo a definição de ‘’ideologia’’ – um vestido de ideias utilizado pelos exploradores para oprimir continuamente os explorados.

Acontece que Marx errou em tudo. As condições materiais não são a base das relações humanas, pois antes mesmo do seu surgimento existiam e ainda existem instituições baseadas em tradições que regulam a vida as pessoas – no caso da Inglaterra de Hobsbawm, o direito consuetudinário é um ótimo exemplo. Isso por si só inviabiliza qualquer esforço no sentido de enxergar o passado pela luta de classes. Além disso, o conceito de ‘’mais-valia’’ foi refutado pela Escola Austríaca e já serve para demonstrar a fraude intelectual do marxismo.

Porém, Hobsbawm ignora tudo isso. A sacrossanta causa comunista continuou a fazer o seu coração bater mais forte e relativizar o leque nada pequeno de crimes, desumanidades e genocídios cometidos pelo comunismo. No já citado ‘’A Era dos Extremos’’, nada de críticas ou menções ao morticínio da Revolução Russa. Ao contrário: Lênin é descrito como o líder de um movimento que compreendeu o que as massas queriam. O historiador omite cuidadosamente que a revolução não foi perpetrada pelas camadas populares e sim por uma elite intelectual armada fortemente influenciada pelos ideais marxistas. Também não é feita qualquer citação à abolição dos tribunais de justiça – único instrumento disponível contra perseguições arbitrárias – e à liquidação dos opositores no período conhecido como Terror Vermelho – o número de vítimas é estimado em 1.200.000.

A supracitada matéria do UOL afirma que Hobsbawm condenou a invasão soviética à Hungria em 1956, quando opositores do regime comunista – cerca de 20 mil – foram assassinados de maneira covarde e cruel. Mentiras das grossas. Ele declarou na época que a ação foi ‘’uma necessidade trágica para impedir a ascensão de um governo reacionário de direita ao poder’’. O Partido Comunista da Grã-Bretanha não fez qualquer menção em repudiar o derramamento de sangue na Hungria, e Hobsbawm permaneceu filiado à agremiação até o seu fim em 1991 – ao contrário do também historiador marxista E. J. Thompson, que abandonou o partido assim que teve ciência da chegada dos tanques soviéticos em Budapeste.

O comunismo foi responsável pelos maiores morticínios já vistos pela humanidade. Em todas as nações infectadas pelo vírus comunista, uma legião de destruição e cadáveres é a herança deixada para as gerações futuras. Nenhum dos seus líderes passou sem sujar as mãos de sangue, arrasar a funcionalidade econômica e destruir os sonhos de liberdades dos cidadãos que conseguem escapar da matança vermelha. Imbuídos de um futuro idealizado e prometendo o paraíso terrestre, tudo o que entregam é a amostra do inferno. Parafraseando Gustavo Corção, quando se quer fazer da Terra o próprio paraíso, a felicidade do Céu é perdida junto com a terrena.

É impossível que um homem culto e letrado – sim, ele possuía tais qualidades – como Eric Hobsbawm não tenha tido conhecimento das atrocidades empreendidas pelo comunismo. A recusa obstinada em reconhecer a verdade em detrimento da religião política contaminou não apenas a sua obra como historiador, mas a sua credibilidade em qualquer tema do debate público.

Continuar a defender um movimento responsável pelo maior genocídio da história humana é a prova cabal de que uma paixão ideológica pode ser maior que o amor pela verdade. O relativismo de Hobsbawm pavimenta o caminho para a desgraça infinita – dele, dos que padecem do mesmo mal e dos inocentes que acabam pagando sem ter culpa alguma.

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